Após uma explosão de investimentos no sector espacial, 2021 viu os mais elevados investimentos privados no espaço até à data, viabilizados por veículos de investimento inovadores como as SPAC, a criação de fundos dedicados ao espaço e a cooperação  entre agências governamentais e entidades privadas.

Na Europa foi publicado o Regulamento do Programa Espacial da UE (Regulamento 2021/696, de 28 de Abril de 2021, que cria o Programa Espacial da União e a Agência da União Europeia para o Programa Espacial (EUSPA)), afetando 14.880 mil milhões de euros ao programa espacial da UE para o período 2021-2027, que reúne as componentes do programa espacial (Galileo, EGNOS, Copernicus, SSA e o novo GovSatCom) sob um único instrumento jurídico. Além disso, foram abertos vários convites para financiamento de investigação espacial no âmbito do programa Horizonte Europa, sobre, entre outros, comunicações por satélite, observação da Terra, operações em órbita, acesso ao espaço, tecnologias quânticas e ciências espaciais e tecnologias de exploração.

Além disso, a UE e a ESA (Agência Espacial Europeia) assinaram um novo Acordo-Quadro de Parceria Financeira, que representa um compromisso, pela UE, relativamente ao espaço, de aproximadamente 9 mil milhões de euros.

A EU continuou a adotar medidas para facilitar o acesso a financiamento e para promover o investimento privado. O início do Fundo de Investimento Cassini foi assinado a 25 de janeiro de 2022 com o Banco Europeu de Investimento, com vista a assegurar uma capacidade de investimento de pelo menos mil milhões de euros no apoio a start-ups espaciais. E um acordo entre a Comissão Europeia, a ESA, a EUSPA e o Fundo Europeu de Investimento, foi também assinado a 22 de janeiro de 2022 para promover o investimento privado no espaço e facilitar o acesso a capital privado.

Em África, os orçamentos governamentais para o sector espacial atingiram um montante de 548,6 mil milhões de dólares em 2021, um aumento de 9% face a 2020, com grandes investimentos no desenvolvimento de satélites – mais de 100 satélites estão em desenvolvimento em, pelo menos, 20 países, que se espera sejam lançados até 2025. E um número crescente de países está também a desenvolver programas e agências espaciais: é o caso, por exemplo, de Cabo Verde, que publicará em princípio a sua estratégia espacial nacional em 2022 (já apresentada e discutida publicamente em 2021), de Angola, que lançara o satélite AngoSat2 em 2022, e de Moçambique, que anunciou em 2021 a criação de uma agência espacial no Fórum de Alto Nível Europa-África sobre a Observação Espacial da Terra.  

Este aumento dos investimentos no espaço também é visível em Portugal. Entre outras iniciativas relevantes, Portugal lançou agendas de inovação empresarial no âmbito do seu Plano de Recuperação e Resiliência, em que 64 projetos inovadores foram selecionados para fins de investimento e apoio financeiro, incluindo um investimento de 260 milhões de euros liderado pela GeoSat para uma constelação de satélites, plataforma de dados e serviços relacionados com observação da Terra no Atlântico, e um investimento de 26 milhões de euros liderado pela Neuraspace para aplicar soluções de IA e ML para a minimização de detritos espaciais através da utilização de sistemas anticolisão para satélites. A abordagem portuguesa está em linha com as tendências em outros países europeus, que incluíram o Espaço no âmbito dos seus planos de recuperação e resiliência no contexto do “Next Generation EU”.

Outra iniciativa relevante é a Europe Startup Nations Alliance, estabelecida pelo governo português com o apoio da Comissão Europeia e destinada a apoiar os governos nacionais na melhoria das condições estruturais para start-ups.