A Comissão Europeia lançou, em 25 de junho de 2025, a Proposta de Regulamento do Parlamento Europeu e do Conselho relativo à segurança, resiliência e sustentabilidade das atividades espaciais na União (COM(2025) 225 final) (a seguir designado por "Regulamento do Espaço da UE" ou "Proposta de Regulamento" ou "Regulamento") que, se aprovado, deverá ser aplicado em geral a partir de 1 de janeiro de 2030.
Este muito antecipado documento surge num contexto[1] em que a União Europeia ("UE" ou "União") e a Comissão Europeia ("Comissão" ou "CE") identificaram o espaço como um sector estratégico fundamental para a UE e, consequentemente, uma prioridade fundamental para a UE e os seus organismos.
Por conseguinte, o Regulamento do Espaço da UE visa dar resposta à necessidade sentida de um quadro obrigatório uniforme, eficaz e proporcional a nível europeu para assegurar o bom funcionamento do mercado interno do espaço a curto prazo, tendo em conta que o espaço é um sector de mercado de elevado crescimento que engloba a indústria espacial (indústria e serviços) e os serviços espaciais em numerosos mercados (por exemplo, clima e ambiente, agricultura, energia, transportes, seguros e banca ou segurança e defesa).
A garantia de um quadro regulatório coerente e estável para o fornecimento de dados baseados no espaço e de serviços espaciais pelos operadores espaciais da UE é considerada essencial para a promoção da inovação e criação um ambiente empresarial estável, previsível e competitivo. A Comissão espera que o Regulamento do Espaço da UE proporcione a segurança jurídica de que os operadores espaciais da UE necessitam para garantir condições de concorrência equitativas para o sector de uma forma sustentável.
Deste modo, o Regulamento de Espaço da UE é uma peça fundamental no contexto de uma visão para a economia espacial europeia mais vasta e abrangente (apresentada juntamente com a Proposta de Regulamento) a aplicar imediatamente, cujo objetivo é posicionar a UE como uma economia espacial global.
Entre outras, e para além das medidas avançadas no âmbito da presente proposta de regulamento, as futuras iniciativas no âmbito desta Visão incluem:
- Acelerar a investigação e a inovação (I&I), no contexto do próximo programa-quadro de I&I da UE, reforçando o apoio à I&I no domínio espacial com vista a reforçar a segurança e a resiliência das infraestruturas, sistemas e serviços espaciais de satélite e do espaço da UE, bem como reforçar a parceria específica de I&I no domínio espacial para apoiar o desenvolvimento, a aquisição e a implantação de tecnologias espaciais inovadoras em toda a cadeia de valor espacial.
- Garantir a preparação industrial e a não-dependência tecnológica, assegurando um aprovisionamento de tecnologias espaciais críticas de múltiplas fontes, incluindo o apoio à maturação de tecnologia I&I, a implantação de cadeias de valor de fontes múltiplas e as adaptações necessárias.
- Apoiar a Comercialização do Espaço, acelerando e alargando o acesso ao financiamento, nomeadamente através de uma Facilidade de Investimento Inicial (Seed), Facilidade de Investimento para o Crescimento e de uma Facilidade de Investimento em Dívida/não dilutivo (ligada à iniciativa CASSINI), adotando simultaneamente métodos de contratação inovadores e favoráveis às empresas para incentivar uma maior concorrência e permitir que os produtos inovadores e mais rentáveis aumentem no mercado.
- Promover a cooperação internacional e a diplomacia económica, propondo medidas de reforço das capacidades das nações espaciais emergentes projetando as normas técnicas da UE e promovendo a interoperabilidade dos sistemas da UE a nível mundial.
- Fomentar a existência de mão de obra qualificada, promovendo a cooperação entre as partes interessadas com vista ao desenvolvimento de currículos espaciais, intercâmbios, parcerias e bolsas de estudo, e apoiando a mobilidade dos investigadores no domínio do espaço na UE.
- Apoiar o desenvolvimento de capacidades de lançamento e de satélites soberanos, competitivos e independentes que respondam eficazmente às exigências atuais e futuras do mercado, nomeadamente com vista a garantir o acesso ao espaço ao manter, assegurar e expandir as capacidades das infraestruturas terrestres (incluindo instalações de teste e de lançamento), entre outros, acelerando simultaneamente soluções como a reutilização, bem como o apoio à modernização dos segmentos terrestres com a continuação da transição para infraestruturas digitais, habilitadas para nuvem e virtualizadas, e a criação de espaços e laboratórios de dados espaciais.
- Aumentar as capacidades de defesa para o espaço, mas também igualmente o espaço para as capacidades de defesa, nomeadamente através da promoção da procura pública de serviços e tecnologias relevantes de dupla utilização, reforçando simultaneamente a política de security-by-design da UE no desenvolvimento dos seus sistemas espaciais e na consequente prestação de serviços, incorporando os princípios da dupla utilização.
- Promoção de serviços e simplificação, com vista a aumentar a aceitação de serviços e dados espaciais pelas autoridades públicas e a integração de soluções espaciais em várias políticas.
- Aproveitamento do potencial da economia no espaço (“in-space economy”), incluindo o aproveitamento de operações e serviços no espaço, de infraestruturas no espaço e a extração e utilização de recursos.