Assunção Cristas, Sócia Co-Responsável da Área Ambiente & Clima, assina um artigo de opinião publicado pelo Jornal de Negócios, no qual analisa os desafios e oportunidades que a transição digital impõe à sustentabilidade ambiental, com especial enfoque nos data centers.
Num contexto em que a economia dos dados e o crescimento exponencial da Inteligência Artificial prometem acelerar soluções inovadoras para problemas globais, a Sócia da VdA alerta que esta evolução tecnológica implica infraestruturas altamente intensivas em energia e água, exigindo políticas ambiciosas de mitigação e adaptação às alterações climáticas. A autora sublinha que a energia e a água assumem hoje uma criticidade estratégica para qualquer investimento em centros de dados, lembrando que este setor poderá representar 3,2 % do consumo elétrico europeu em 2030. Por isso, defende que a utilização de energia limpa, proveniente exclusivamente de fontes renováveis e a custos competitivos, deve ser considerada um requisito de base para garantir a sustentabilidade real destas infraestruturas. A necessidade de co-localização entre produção renovável e centros de dados, associada a práticas robustas de eficiência energética — cuja monitorização e reporte são já obrigatórios pela legislação europeia — constitui, segundo Assunção Cristas, um dos pilares essenciais desta transformação. Também o recurso à água impõe novos desafios, sobretudo perante cenários de seca e escassez.
A autora nota que, embora existam soluções tecnológicas que dispensam o consumo hídrico direto, a conceção dos sistemas deve priorizar modelos que minimizem o impacto nas redes públicas, como circuitos fechados baseados em águas pluviais, água do mar ou soluções inovadoras de arrefecimento subaquático. Assunção Cristas reforça ainda que qualquer projeto de data center deverá ser desenvolvido em conformidade com os objetivos ambientais da União Europeia e com os critérios da Taxonomia Europeia, abrangendo não só metas de mitigação e adaptação climática, mas também a proteção dos recursos hídricos e marinhos, a economia circular, a prevenção da poluição e a preservação da biodiversidade. Sublinha igualmente que o alinhamento com a Taxonomia, embora não obrigatório, será determinante para evitar riscos de greenwashing e poderá influenciar decisivamente o acesso a financiamento e a investidores qualificados, ao contribuir para os rácios verdes reportados pelo setor financeiro.
No artigo, Assunção Cristas conclui que a sustentabilidade dos data centers deve ser uma condição integrada desde a fase inicial de conceção dos projetos, defendendo que só uma abordagem rigorosa, transparente e alinhada com as exigências europeias permitirá ao setor afirmar-se como parte da solução num futuro digital mais responsável e resiliente.
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